o que não mata dá um sooooooooooooooono
o que não mata dá uma dor aguda no estômago
o que não mata dá uns calafrios durante a noite toda
o que não mata dá uns tapas e te traz pra realidade
o que não mata dá sede
o que não mata lembra que você é seca
(e você nunca morreu por só secar)
o que não mata é o insuficiente pra atingir um corpo que já sentiu tanto
bicho ruim não morre
se fere
flagela
espanca
estanca
estanca
volta a espancar
quase estanca
mas porra
num morre
se eu me morresse
morria!
mas não morre
porre
socorre
corre
corre
corre
corre
corre
cansa
cansa...
bicho ruim
só fere
refere
se ferre
bicho ruim
só erra
nem sente que errou
num sente
imagina, bicho sente?
num sente
é calculista
prevê tudo
imagina cada dor que já causou
isso de ser bicho
que não tem peito
que faz do pulmão o seu amuleto
perde o ar é mata tudo de asfixia
bicho ruim que de tudo lhe tocou
quando toca, é tocado
deixado de lado
é tipo cachorrinho
que dá carinho
pega ossinho
mas se fizer xixi dentro de casa
acabou!
xô, xô, xô ...
se eu me morresse
eu mesmo me matava
mas sou lacuna
sou inapropriada
eu não me morro
eu mordo
mas não morro
porque você não pegou seu falo
enfiou até o talo e disse:
é assim? cê gosta
mas não seu silêncio é baixinho
e me rasga lentamente
aos pouquinhos
sem perdão
eu quase morro
mas eu não sei morrer
vivo a beira de um desespero
mas não sei morrer
noite passada eu tentei
eu juro que tentei
mas
o que não mata dá um sooooooooooooooono
o que não mata dá uma dor aguda no estômago
o que não mata dá uns calafrios durante a noite toda
o que não mata dá uns tapas e te traz pra realidade
o que não mata dá sede
o que não mata lembra que você é seca
(e você nunca morreu por só secar)
o que não mata é o insuficiente pra atingir um corpo que já sentiu tanto
.
terça-feira, 17 de novembro de 2015
terça-feira, 10 de novembro de 2015
take care - luz ribeiro
dias desses vai chegar um e-mail
dizendo oi e tantas outras coisas
mas tudo em português
porque você gosta é de dominar tudo
--- linguagem e língua ---
eu que também sou de possuir
me vi pressa em um silêncio que não cabia fugas
apenas
baixos sussurros grudados na parede
de som leve, mas de pesar oco
suspeito que decodificou meus mapas
com um tempo de quem tinha toda a vida
só
pra fazer aquilo
enquanto eu reconhecia cada corte seu
num misto
de querer fugir
de querer ficar
de te querer levar
de me querer partir
nos meios
procuro em imaginações o roxo da pele
o gosto do dorso
queria descobrir teu código
mas ao contrário de mim
não é presa fácil ---
teu soco é dentro
tilinta e lateja no pupilar dos olhos
a cada novo toque ficava eu presa a faixas de alta compreensão
--- pele de solidão
você sorriu (mais) depois
e como se soubesse
perguntava sempre num deslize
tudo bem?
eu ainda não toquei na mala
eu ainda não mexi na prateleira
eu ainda
eu ainda não
despedi sem fim
...
...
...
take care
.
dizendo oi e tantas outras coisas
mas tudo em português
porque você gosta é de dominar tudo
--- linguagem e língua ---
eu que também sou de possuir
me vi pressa em um silêncio que não cabia fugas
apenas
baixos sussurros grudados na parede
de som leve, mas de pesar oco
suspeito que decodificou meus mapas
com um tempo de quem tinha toda a vida
só
pra fazer aquilo
enquanto eu reconhecia cada corte seu
num misto
de querer fugir
de querer ficar
de te querer levar
de me querer partir
nos meios
procuro em imaginações o roxo da pele
o gosto do dorso
queria descobrir teu código
mas ao contrário de mim
não é presa fácil ---
teu soco é dentro
tilinta e lateja no pupilar dos olhos
a cada novo toque ficava eu presa a faixas de alta compreensão
--- pele de solidão
você sorriu (mais) depois
e como se soubesse
perguntava sempre num deslize
tudo bem?
eu ainda não toquei na mala
eu ainda não mexi na prateleira
eu ainda
eu ainda não
despedi sem fim
...
...
...
take care
.
domingo, 8 de fevereiro de 2015
ser eu poesia
noite como outrora nunca vista
as estrelas pareciam querer cair
com desvelo segurei uma delas
entre o polegar e o indicador
e de modo brusco, movimentei-a
move-la de lugar, ser eu passagem.
sobre minha cabeça
um mobile feito, pelo cria-dor
e cria-ação que sou me encantei, sorri
de modo ingênuo exclui o verbo chorar
anulei o sofrer sempre presente
restou alegria, ser eu feliz.
tirei o chinelo e andei vagarosamente
contemplando o grandioso e minucioso
todo pouco universo
grão de areia entre meus dedos
me causando leve incomodo
breves cócegas, ser eu leve.
olhos fechados pra ouvir o cochichar do mundo
ficar imóvel para encontrar ondas
e só, só esperar, esperar...
mas carrego por segurança amarguras
sendo assim por zelo, o tal sal em mim, não tocou
pensei com dor, por ser eu dura.
cheiro forte ainda não provado
disparou a adentrar pelas narinas
completou o vago que restava
apoderou-se do eu, encheu
nessa noite eu fui amada
ganhei sentidos, ser eu autor.
me quis pequena e frágil
me desenhei menina afável
apaguei a frigidez, fui ágil
desenhei sonhos palpáveis
não derramei lágrimas por lucidez
e ainda assim lavei a alma, ser eu água.
noturna tudo fui
rodeada de sensações
sem gosto, sem cheiro
era cem expectativa
juro, pouco sei da vida
e o que observo, escrevo
por nascer defeituosa, ser eu poeta.
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Foto: Vinicius Souza |
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